quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Eu nunca amei um garoto de verdade



Eu nunca amei um garoto de verdade, mas o telefone já pareceu que não tocaria nunca. Eu já perdi a fome por algumas palavras ditas, e já ataquei a geladeira por sentir falta de ouvi-las. Já chorei no meu quarto, na verdade já chorei muito no meu quarto e mesmo quando não chorei aquela sensação de angustia e tristeza continuavam lá para mostrar que não derramar lágrimas não ameniza a dor. Já pensei em uma pessoa mais do que em mim mesma, mas eu nunca amei um garoto de verdade.

Eu lembro quando me decepcionei a primeira vez com alguém, eu era nova e tão iludida com as historias dos filmes românticos que assistia que tornei tudo intenso demais. Eram engraçadas as tardes de domingo que fugia de casa para vê-lo e quando meus pais descobriram que não ia ao colégio fazer trabalhos e quase me mataram. Mas um belo dia aquilo tudo já não interessava para mim, apareceu outra pessoa. Perdia dias na internet, conversando com o novo amor da minha vida e ele foi o primeiro que me correspondeu. Como da primeira vez um dia teve fim, e depois deles muitos outros vieram. O fato não é que não gostava de achar que amava alguém, pelo contrario adorava as milhares de sensações que uma única pessoa era capaz de me fazer sentir. O que eu não gostava era de não ser como a garota do filme que assisti que só havia amado um único garoto em toda sua vida e que por isso sua historia era tão bonita.

Não queria dramatizar todas as vezes que achasse um garoto legal, então substitui o eu
“amo” pelo eu “gosto”, mas não tinha a mesma emoção. Gostar é tão seco, não me permitia achar que morreria com a falta daquela pessoa, nem desabafar aos prantos para as minhas amigas que hoje ele só havia dito oi e não oi, tudo bom? Mas mesmo assim acabei gostando de muitos meninos, alguns deles nunca me olharam, mas não é tão ruim, na verdade era até legal me fazer feliz apenas usando a imaginação. O fato é que hoje cai na real, eu posso sim ter amado os milhões de garotos pela qual fiz músicas tristes e me queixei pela falta de atenção deles sobre mim. Afinal cada um tem a sua imagem e sua forma de traduzir a palavra amor. E eu acredito que o telefone que nunca toca a geladeira atacada e o choro abafado pode significar que estou amando. Sabe, eu sou a garota do filme sim! Apenas continuei a historia depois do the end.

3 comentários:

  1. Caramba, me identifiquei muito com o post. Eu sempre me inspirei nos livros e filmes de romance onde o amor só aparecia uma vez, e ainda me inspiro. Sempre ambicionei viver uma história intensa de amor, e a coisa toda, mas sempre me vivo paixonites platônicas, e pra estes eu sempre tinha um plano imaginário, e agora que estou sendo correspondida pela primeira vez, ainda prefiro o termo 'gostar', mas seu texto me levou a pensar sobre isso, deve ser verdade 'eu posso sim ter amado os milhões de garotos pela qual fiz músicas tristes e me queixei pela falta de atenção deles sobre mim. Afinal cada um tem a sua imagem e sua forma de traduzir a palavra amor.'

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  2. Post MUITO perfeito! Me identifiquei demaaaais com ele, meus parabéns!

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  3. Lindo. Me deparei muito com sentimentos que um dia senti.
    Parabéns pelo texto e pelo blog.
    Amei esse post.
    Beijos.
    Não deixa de visitar o meu http://aborboletra.blogspot.com

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